12/03/2022 às 05h48min - Atualizada em 12/03/2022 às 05h48min
Brasileiro relata misto de alívio e preocupação ao chegar ao Brasil
Ele chegou junto com 67 pessoas de diferentes nacionalidades
Agência Brasil
Marcelo Camargo Alívio por estar de volta ao seu país e preocupação com os amigos que deixou na Ucrânia. Assim o estudante de medicina Rony de Moura explicou o que estava sentindo ao finalmente pousar, em segurança, na Base Aérea de Brasília, junto com outras 67 pessoas de diferentes nacionalidades resgatadas da guerra na Ucrânia.
“Estou me sentindo aliviado, mas, ao mesmo tempo, estou preocupado com os ucranianos que conheço. O dono da casa onde eu vivia de aluguel e outras pessoas que não sei onde e como estão”, disse Moura após desembarcar de uma das duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) empregadas na Operação Repatriação. Natural de Niquelândia (GO), Moura vivia há três anos na capital ucraniana, Kiev, e também já viveu na Rússia.
Aos jornalistas que acompanhavam a recepção oficial ao grupo, o estudante contou um pouco das incertezas e privações que as pessoas vêm enfrentando na Ucrânia. Segundo ele, a venda de produtos essenciais está sendo racionada e há filas “gigantescas” nos estabelecimentos comerciais que seguem abertos.
“Medo de morrer eu não senti, mas foi um choque de realidade quando eu entrei em um supermercado e não tinha mais água à venda. Esse foi, talvez, o pior momento para mim, pois vi as pessoas desesperadas”, disse Moura, explicando que, por residir longe do centro de Kiev, não chegou a testemunhar os ataques russos.
“Como o local em que eu vivia, em Kiev, fica fora da cidade, o máximo que escutei foram duas bombas que caíram perto da minha casa. Naquele momento, senti muito medo. Mas outros brasileiros tiveram mais contato [com o conflito]”, disse, lembrando ter sido necessárias cerca de 13 horas para percorrer um trajeto de aproximadamente 440 quilômetros entre Kiev e a cidade de Lviv, onde foi recebido nas dependências da Embaixada do Brasil.
“De Lviv à fronteira [com a Polônia] foi mais tranquilo. Tínhamos escolta policial, acompanhamento da Cruz Vermelha. Mas na fronteira foi dramático. Havia uma fila gigantesca de pessoas tentando deixar a Ucrânia. Nós passamos por estarmos com o pessoal da embaixada, mas havia muitas crianças e mulheres à espera”, relembrou o estudante, acrescentando querer abraçar a namorada e o filho assim que fosse autorizado a deixar a Base Aérea.
Além de Moura, o grupo resgatado é formado por outros 42 brasileiros, 19 ucranianos, cinco argentinos e um colombiano. Entre eles, há 14 crianças, além de oito cachorros e dois gatos de estimação.